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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Do outro lado

Do outro lado da praça tem alguém caído.
Esta chuva que não passa, este alguém perdido, morrendo afogado.
Machucado, corroído e precisando de um carinho.
Precisando de algum conforto.
E deste lado estamos nós, acomodados.
Reclamamos sem motivos concretos, sem argumentos reais.
Estamos todos credenciados para passar para o outro lado.
Você acha que tem pouco, mas no fundo é abastado.
Reclama de barriga cheia, mas tem mais do que o necessário.
Olha o seu próprio nariz mas não enxerga o próximo.
Pois saiba, tudo, tudo tem outro lado.
Atravesse a tempestade e terá a bonança.
Atravesse o oceano e terra à vista.
Cara ou coroa, yn e yung, o bem e o mal, o sim e o não.
A água e o sal, o pé e a mão.
Do outro lado da rua, nova casa para morar.
Do outro lado da praça haverá um outro lugar.
A miséria e a fartura, o desperdício e a precisão.

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