Não me importo de dever ao banqueiro endinheirado.
Ver a miséria pilhando o poder não faz com que me sinta lesado.
Mas muito me dói ver o burro de carga
Carregando em seu lombo todo o peso do progresso
Enquanto é açoitado, castigado, tendo por paga apenas restos.
O oprimido dá seu sangue, sua vida, seu suor
Movido pela triste ilusão de tornar-se alguém melhor.
Suficientemente fustigado para não se erguer em protesto.
Eles têm a mídia e nos alienam,
Detém os meios e nos acorrentam.
Fazem leis que nos condenam,
Mas temos os números e seguimos amenos.
Gosto muito de ver saquearem grandes redes
Porém me assusta o jornal noticiando a morte de outro trabalhador.
Eles compram a segurança e se escondem do perigo.
Lançam notícias tendenciosas, nos tornando inimigos.
Estou do mesmo lado que você, tomar minha metade não matará sua fome.
Precisamos nos fortalecer. Te eliminar não fará de mim mais homem.
Também luto e sinto sua dor, esmagados pelo mesmo opressor.
Levar meu pouco não resolve seus problemas e não me alegra condená-lo a uma pena.
Eles têm a mídia e nos alienam,
Detém os meios e nos acorrentam.
Fazem leis que nos condenam,
Mas nós, que somos os números, seguimos amenos.
Tudo o que fazemos é nos digladiar
Em nossos conflitos de autopunição.
Levar meu nada não te suprirá o pouco.
Te prender anulará meu próprio irmão.
Eu não ligo de quebrar uma multinacional
Ou de amarrar num tronco o patrão
Mas muito me incomoda ver o policial atirando no grevista
Em defesa dos interesses de um burguês bonachão.
Eles bebem nosso sangue e nós mesmos o servimos.
Eles vendem belos sonhos e nós nos iludimos.
Eles querem nos ver tremer e nós mesmos nos sacudimos.
Eles precisam nos conter e nós mesmos nos destruímos.
Eu não ligo de dever ao banqueiro endinheirado.
Ver a miséria pilhar o poder não faz com que me sinta lesado.
Eu não ligo de quebrar a multinacional do patrão.
Mas muito me incomoda o policial defendendo um burguês bonachão.
Estamos todos presos por grilhões niquelados.
Enxergamos apenas os cifrões almejados.
Me roube e aumentará a fome do irmão.
Te açoitar manchará de sangue minhas próprias mãos.
Nós somos os números.
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